Tigre e Dragão - A Lenda
Endiabrado corria encosta abaixo. O jovem rapaz franzino gritava com todo o ar que os seus pulmões lhe davam.
- Está solto! Fujam!
Fintava as arvores com uma precisão que nem o próprio vento por si criado conseguia acompanhar. Entrando na pequena clareira que separava a aldeia da floresta, quase sem ar, gritou mais uma vez e outra de seguida.
- Soltou-se! Soltou-se!
E ao dizer isto, exausto, deixou-se cair nos braços do ancião.
O idoso habitante segurou o rapaz, deixou-o acalmar um pouco e quando este recuperou o fôlego deu-lhe água a beber.
Olhando para a recém chegada viajante e apercebendo-se do seu espanto e agitação, o ancião tentou sossega-la.
- É a sua natureza, afinal de contas ele é um felino na sua parte.
Sem entender muito bem a profundidade de tal frase, a rapariga optou pelo silêncio no momento.
Teria ela feito milhares de quilómetros para seguir uma lenda tão antiga como o tempo e ficar petrificada?
Não! - ouviu dentro de si.
Não é lenda e não ficarei calada e sem nada fazer! - pensou.
A população da aldeia foi-se aproximando.
O menino regressou a si e, segurando firmemente o idoso pelo braço disse:
- Eu vi-o! Solto e sem o Dragão, nossa protecção!
Ao que o sábio homem respondeu:
- Sim, de tempos a tempos Tigre e Dragão quebram a sua união, o seu equilíbrio milenar. Ambos tem que se saciar. Pouco serão um sem o outro, mas existem momentos como este em que as leis que os regem se tornam dispares e o alado segue um caminho e o felino trilha por outro lado. Serenidade e trovão. Harmonia e turbilhão. Tal como a natureza que nos rodeia e abençoa diariamente, também eles se complementam nos elementos, nas cores, nos sentidos e até nos amores…
- Nos amores?! - Interpelou a jovem viajante.
O ancião olhou para a rapariga e sorrindo prosseguiu.
- Nos amores… Pois sim, tanto um como outro já amaram e foram amados, sempre em tempos distintos e sempre por seres diferentes. E, desde Eras muito antigas, escritas nos anais do tempo, que se diz que o Segredo nessa floresta guardado será mesmo o Encontro num instante anunciado entre Tigre, Dragão nesse amor a chegar.
- E o que fazemos ao animal solto avô-velhinho? - questionou o menino, agora mais calmo.
Toda a aldeia fixou o olhar no ancião portador de tão grande saber de como se entende a natureza universal e o que se esconde na alma de cada ser, fosse ele básico ou racional, fosse ele animal ou vegetal.
- Nada devemos temer. Em milhares de anos nenhum deles fez mal, já que qualquer um deles apenas procura conquistar a sua felicidade, a tão desejada paz interior, como todos nós simples mortais. Amor é a palavra-chave nesse Encontrar.
Sentiu-se uma tranquilidade na sua voz, nas suas palavras, que mesmo os mais temerários acalmaram.
Pais sorriram para filhos. Casais deram longos abraços. Crianças voltaram ao seu brincar. E artesãos voltaram ao seu labutar. Apenas a rapariga e o ancião ficaram no mesmo local.
A viajante estava a cada instante mais curiosa com tão intrigante par e depois de a população começar a dispersar colocou mais umas questões ao velho homem.
- Diga-me, você já os viu? O que os torna tão singulares? O que os torna tão apaixo… - perante o sorriso do ancião hesitou - …tão cativantes?
- Sim, já os vi, diversas vezes. Embora diferentes, partilham uma cumplicidade ancestral. O Dragão é calmo e educado, sábio e sonhador, atencioso e bondoso, um autentico nobre alado…
- E o Tigre? - Interrompeu a rapariga.
- O Tigre é fogo e emoção, ardente e territorial, mais paixão, mais carnal, um felino sem duvida!
Mil e um pensamentos lhe passaram pela mente. A sua curiosidade tinha passado para um sentimento maior. Afinal era esta a sua demanda, o motivo da sua longa viagem, beber o segredo desse cálice entranhado na mais profunda floresta. Tinha que ir ao seu encontro.
Foi então que se sentiu uma suave brisa vinda da densa floresta.
O ancião agarrou-lhe na mão e fixando o seu olhar nas suas reluzentes orbitas disse-lhe:
- Sei o que está a pensar… E não foi para isso que aqui veio? O que espera? Eles aguardam por si… Siga o caminho que o seu coração lhe segreda e encontrará o que sempre procurou e jurou encontrar.
A viajante sorriu, apertou-lhe as enrugadas mãos, seguindo-se uma vénia de agradecimento.
- Obrigado. Sim, sei o que fazer…Sempre o soube!
Olhou para a aldeia… Olhou para o cume da serra…
Colocou a mochila às costas e atravessou a clareira…
- Está solto! Fujam!
Fintava as arvores com uma precisão que nem o próprio vento por si criado conseguia acompanhar. Entrando na pequena clareira que separava a aldeia da floresta, quase sem ar, gritou mais uma vez e outra de seguida.
- Soltou-se! Soltou-se!
E ao dizer isto, exausto, deixou-se cair nos braços do ancião.
O idoso habitante segurou o rapaz, deixou-o acalmar um pouco e quando este recuperou o fôlego deu-lhe água a beber.
Olhando para a recém chegada viajante e apercebendo-se do seu espanto e agitação, o ancião tentou sossega-la.
- É a sua natureza, afinal de contas ele é um felino na sua parte.
Sem entender muito bem a profundidade de tal frase, a rapariga optou pelo silêncio no momento.
Teria ela feito milhares de quilómetros para seguir uma lenda tão antiga como o tempo e ficar petrificada?
Não! - ouviu dentro de si.
Não é lenda e não ficarei calada e sem nada fazer! - pensou.
A população da aldeia foi-se aproximando.
O menino regressou a si e, segurando firmemente o idoso pelo braço disse:
- Eu vi-o! Solto e sem o Dragão, nossa protecção!
Ao que o sábio homem respondeu:
- Sim, de tempos a tempos Tigre e Dragão quebram a sua união, o seu equilíbrio milenar. Ambos tem que se saciar. Pouco serão um sem o outro, mas existem momentos como este em que as leis que os regem se tornam dispares e o alado segue um caminho e o felino trilha por outro lado. Serenidade e trovão. Harmonia e turbilhão. Tal como a natureza que nos rodeia e abençoa diariamente, também eles se complementam nos elementos, nas cores, nos sentidos e até nos amores…
- Nos amores?! - Interpelou a jovem viajante.
O ancião olhou para a rapariga e sorrindo prosseguiu.
- Nos amores… Pois sim, tanto um como outro já amaram e foram amados, sempre em tempos distintos e sempre por seres diferentes. E, desde Eras muito antigas, escritas nos anais do tempo, que se diz que o Segredo nessa floresta guardado será mesmo o Encontro num instante anunciado entre Tigre, Dragão nesse amor a chegar.
- E o que fazemos ao animal solto avô-velhinho? - questionou o menino, agora mais calmo.
Toda a aldeia fixou o olhar no ancião portador de tão grande saber de como se entende a natureza universal e o que se esconde na alma de cada ser, fosse ele básico ou racional, fosse ele animal ou vegetal.
- Nada devemos temer. Em milhares de anos nenhum deles fez mal, já que qualquer um deles apenas procura conquistar a sua felicidade, a tão desejada paz interior, como todos nós simples mortais. Amor é a palavra-chave nesse Encontrar.
Sentiu-se uma tranquilidade na sua voz, nas suas palavras, que mesmo os mais temerários acalmaram.
Pais sorriram para filhos. Casais deram longos abraços. Crianças voltaram ao seu brincar. E artesãos voltaram ao seu labutar. Apenas a rapariga e o ancião ficaram no mesmo local.
A viajante estava a cada instante mais curiosa com tão intrigante par e depois de a população começar a dispersar colocou mais umas questões ao velho homem.
- Diga-me, você já os viu? O que os torna tão singulares? O que os torna tão apaixo… - perante o sorriso do ancião hesitou - …tão cativantes?
- Sim, já os vi, diversas vezes. Embora diferentes, partilham uma cumplicidade ancestral. O Dragão é calmo e educado, sábio e sonhador, atencioso e bondoso, um autentico nobre alado…
- E o Tigre? - Interrompeu a rapariga.
- O Tigre é fogo e emoção, ardente e territorial, mais paixão, mais carnal, um felino sem duvida!
Mil e um pensamentos lhe passaram pela mente. A sua curiosidade tinha passado para um sentimento maior. Afinal era esta a sua demanda, o motivo da sua longa viagem, beber o segredo desse cálice entranhado na mais profunda floresta. Tinha que ir ao seu encontro.
Foi então que se sentiu uma suave brisa vinda da densa floresta.
O ancião agarrou-lhe na mão e fixando o seu olhar nas suas reluzentes orbitas disse-lhe:
- Sei o que está a pensar… E não foi para isso que aqui veio? O que espera? Eles aguardam por si… Siga o caminho que o seu coração lhe segreda e encontrará o que sempre procurou e jurou encontrar.
A viajante sorriu, apertou-lhe as enrugadas mãos, seguindo-se uma vénia de agradecimento.
- Obrigado. Sim, sei o que fazer…Sempre o soube!
Olhou para a aldeia… Olhou para o cume da serra…
Colocou a mochila às costas e atravessou a clareira…
Amei a lenda, dá vontade de ser livre como essa garota e correr atras de desvendar lendas, mistérios, buscar conhecimento. Fiquei até indecisa com a próxima tatuagem que quero fazer, o dragão já tenho, eu pretendo fazer uma pantera negra, mas o tigre me despertou interese.
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